terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Voto útil: oposição pode com Cunha impor derrota a Dilma

A poucos dias para escolha do novo presidente da Mesa Diretora da Câmara Federal, ganha corpo nos bastidores políticos de Brasília a pregação do voto útil no candidato do PMDB, Eduardo Cunha, como estratégia para a oposição impor uma derrota ao Palácio do Planalto. Embora integrante da base de apoio ao Governo, Cunha converge todas as insatisfações dos aliados da presidente Dilma Rousseff. 

Deputados do PSDB, PSB, PPS e PV dizem que a ‘terceira via’, como o socialista Júlio Delgado, ficou inviável e que o melhor é garantir a derrota do PT. Essa articulação caracteriza o voto útil para garantir uma vitória de Eduardo Cunha logo no primeiro turno. Seria a primeira derrota na era PT na corrida pela Presidência da Câmara Federal. 

A eleição para Presidente da Câmara Federal é realizada em dois turnos quando, no primeiro turno, um dos candidatos não soma a maioria dos 513 votos. Hoje, são quatro candidatos – além de Cunha, estão na disputa os deputados federais Arlindo Chinaglia (PT), Júlio Delgado e Chico Vigilante (PSOL). 

O acirramento da disputa se dá entre Cunha e Chinaglia, ambos aliados diretos do Governo Federal. O Planalto aposta, porém, na eleição de Chinaglia como trunfo para um melhor relacionamento entre Governo e Congresso Nacional. Delgado é oposição, tem hoje a terceira maior votação e provocaria o segundo turno da eleição. 

O peemedebista Eduardo Cunha é sinal de turbulência para o Governo Federal e atrai o apoio dos deputados federais que não se sentem bem tratados pelo Palácio do Planalto. Nesse bloco, está a maioria dos integrantes da bancada governista. 

Nas últimas horas, ministros e os principais aliados do Governo Dilma intensificaram as conversas com deputados federais da situação e oposição para convencê-los a apoiar a candidatura de Chinaglia. A reação da oposição não demorou e foi esboçado o movimento do voto útil, desembarque dos eleitores de Júlio Delgado na candidatura de Eduardo Cunha.

Cunha é considerado favorito para o posto, mas corre o risco de enfrentar uma eleição de dois turnos se Delgado permanecer na disputa. Caso o movimento da oposição se concretize, crescem as chances de Cunha liquidar a fatura em um turno só e alijar o PT dos principais cargos da Câmara dos Deputados. 

A ameaça de vitória de Eduardo Cunha gera inquietação no Governo Federal. Esse resultado significa mais poder da banda do PMDB que não toca em sintonia a música escolhida pelo Palácio do Planalto. 

A vitória não se encerra apenas com o resultado da escolha dos membros da Mesa Diretora, mas está em jogo, também, a indicação dos presidentes de comissões técnicas onde o Governo Federal pode sofrer novas derrotas. É pelas Comissões Técnicas que passam projetos de interesse do Governo. Outro aspecto, ainda, para maior preocupação entre os governistas mais sintonizados com o PT e o Governo Dilma: Cunha, se eleito, passa a ser o terceiro nome da hierarquia de Poder no Brasil, sendo, após o vice-presidente da República, ocupante natural da Presidência da República. 

Fonte: Ceara Agora

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