sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Nestor Cerveró admite ter feito reuniões com delator

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró admitiu ter feito reuniões com o consultor Julio Camargo, o delator que afirmou ter pago propina em negócio de contratação de navios para a estatal. 

Cerveró também disse acreditar que o empresário Fernando Soares (“Fernando Baiano”), apontado pelo Ministério Público como intermediador do suborno, obteve uma “comissão” em razão do contrato. 

Soares é apontado pelo Ministério Público como intermediador de suborno pago a Cerveró nesse negócio. O depoente negou ter recebido qualquer quantia. 

À PF, o ex-diretor também contestou a acusação de que tenha tentado blindar patrimônio obtido ilegalmente transferindo bens para familiares, motivo pelo qual foi preso na quarta (14) no Rio, quando voltava de Londres. 

Em dezembro, Cerveró e Fernando Soares foram denunciados pelo Ministério Público Federal no Paraná com base principalmente na delação premiada de Camargo. 

Segundo o delator, Fernando Soares recebeu US$ 40 milhões de propina em 2006 e 2007 para viabilizar a contratação pela Petrobras de navios-sonda para perfuração em águas profundas com o estaleiro Samsung Heavy Industries, pelo valor de US$ 586 milhões. 

De acordo com o Ministério Público, parte desse valor foi repassada para Cerveró. 

No depoimento desta quinta, Cerveró disse que Camargo participou do negócio e se reuniu com ele para tratar do assunto. 

O ex-diretor disse ainda que Soares não participou das negociações sobre a contratação dos navios-sonda, mas afirmou acreditar que “o mesmo tenha feito algum tipo de tratativa com o empresário Júlio Camargo, presumindo que o último tenha recebido algum tipo de comissão quanto a esse negócio”. 

Cerveró relatou que conheceu Soares em 2000, quando era gerente de energia e o empresário representava firmas espanholas, como a Union Fenosa, que fechou contrato de assistência em termoelétrica com a estatal. 

Depois, Soares “continuou frequentando a Petrobras representando outras empresas, tendo se dirigido a outras diretorias, como a de Abastecimento e a de Gás e Energia”. 

Ele também disse que mantinha “uma certa relação de amizade” com Soares. 

Cerveró afirmou aos investigadores que Soares representava empresas interessadas nos contratos, mas disse “não ter recebido ou lhe ter sido oferecida qualquer vantagem financeira”. 

Com informações da Folha de São Paulo

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